segunda-feira, 20 de agosto de 2007

ESCUTA O VENTO

Acordei mole e triste, sem vontade de nada fazer. Acomodado ao que tenho, recostado nas gotas da chuva que, pela janela, teimo em escutar batendo na janela vindas deste céu limpo.

Sei que este é o dia, sei que tudo me bate à porta com uma urgência a que não posso deixar de responder e contudo moleza! Destas cobardes que se entranham e imobilizam.
Falta-me coragem... Não me interressa muito se minha, tua ou Dele. Fazem-me falta os rostos alegres de quem se dá e luta. Não tanto os seus sorrisos pois que dizia a uma amiga que cada lágrima que assuma aceitar por uma causa nobre é um mar de esperança que desabrocha no coração de alguém. Antes a alegria do olhar corajoso de quem pergunta "Que queres de mim?"

A vida é uma luta, – sei-o todas as manhãs ao acordar, mas sobretudo, tenho-a como minha. Comigo mesmo e ciente de que perdurará até que me vença, tornando em aliados, todos meus medos e incertezas.

A vida é esta luta,- sei-o a todas as noites ao adormecer, mas sobretudo, tenho-a como t(T)ua. Contigo mesma, ciente de que na sua vitória nos unirá, fazendo de cada erro oportunidade renovada de reconciliação e perdão.

Há que reagir e corro para o chuveiro, na esperança de que toda aquela água caindo em cascata sobre mim, me varra desta moleza, retempere as minhas forças e me renove. Quase sempre resulta, ainda que superficial e temporariamente.

Estou pronto para enfrentar o novo dia. Redescubro esta coragem que me invade sem me pertencer. Sim!... viverei um dia de cada vez... Mas hoje – nem que seja só por hoje, – decido ajustar-me à realidade em vez de a desejar ajustar a mim mesmo, a deixar que as respostas me encontrem antes de as tentar descobrir por entre tantas altercações.

Porque esta sim! Esta é a minha coragem interior. Aquela de aceitar sereno que pouco posso e pouco depende de mim. De reconhecer a cada passo que dou, que é a Vida que corre sob os meus pés. E de saber que a cada viragem que a minha liberdade me permite tão só redescubro novas duvidas e encruzilhadas.

"Já alguém viu o vento?" – Antes de fechar a porta atrás de mim, contesto: hoje quero vê-lo!

Só assim vejo que como tu, também eu sou rio rebelde que segue o seu curso, animado por esta força que ingenua brota do meu sangue e prudente me reflui pela alma, num remoinho de "ses", "mas" e "talvez" que, bem o sabes, nos ultrapassa.

Contudo, mantendo-nos unidos à verdadeira Fonte, não derivamos jamais. Imagina, corajosa timoneira... Assumires a loucura de, no meio da tempestade, te deixares s ubmergir neste S(t)eu mar, sabendo que duvidando da rota correrás segura, guiada pela força da corrente. Esta corrente, que de tão revolta e indomada, é capaz de derrubar todos esses muros que te cercam, libertando-te e dilatando-te em novos horizontes de luz.

Porque ai sim... Por onde quer que vás... Mesmo sem saberes muito bem o destino, espalharás no teu caminho alegria e paz.Sabes? Não importa que não chegues nunca a ver o vento. Quem sabe se não é ele quem te sopra a coragem? É preciso, é que todos os dias queiras vê-lo.

Posted by Malu e Pedro